sexta-feira, 18 de abril de 2008

Livro do Mês - Abril

Ora bem, está aberta a primeira troca de impressões sobre o nosso livro do mês (Terras do Sem Fim, de Jorge Amado).

Ainda não li muito, um terço, mais ou menos. Estou a gostar bastante, mas é difícil eu não gostar de um livro escrito pelo Jorge Amado. Acho-o de uma violência extrema, aquela gente e aquela miséria entra-me pelos olhos e pelo corpo, inquieta-me e incomoda-me.

As personagens ainda não estão muito densificadas na fase em que vou, mas tenho imensa pena da pobre Ester no meio da selva. Dos seus pesadelos.

E vocês? Que contam?

22 comentários:

Flores disse...

Estou a gostar tb.

O mais engraçado, para mim, é q as personagens secundárias têm a mm força das principais. E há sp algumas com as quais nos identificamos.

Não posso deixar de assinalar q, no início, cheguei a pensar q nos tínhamos enganado no livro. Faltavam as personagens q a loira nos apresentou. :) Agora, já as conheci.

E dps, como mencionei uns posts atrás,o meu lado Robin Hood gostou mto do negro q passou a perna ao coronel, que queria por sua vez enganá-lo.

Aquela letra minúscula dá-me cabo da leitura nocturna.

AnaBond disse...

Bom, consegui adiantar-me um pouco :)
Estou quase a meio.
Também estou a gostar, e estou naquela fase que quero adiantar mais leitura para ver o que se vai passar.

Acho que é violento sim, mas felizmente (acho eu) que as descrições não são muito detalhadas (sobre a violência em si) e dá para continuar a ler sem ter vontade de vomitar ou fechar o livro (há livros mais violentos nos detalhes).

Também acho que as personagens não estão muito densificadas ainda, e há sempre mais uma ou outra personagem que aparece (eu sou muito despistada nos nomes e quando me aparecem muitas personagens, muitas mesmo, acabo por me perder. sou daquelas que volta e meia faz cábulas para os nomes e as personagens. é o meu neurónio solitário que me atormenta de vez em quando ;)).

Sobre a Ester, também 'torço' por ela. E os pesadelos dela seriam os meus, se estivesse no lugar dela. Ui...

Acho que aquela época deve ter sido terrível, num país como aquele. E só me faz pensar que as mulheres naquela altura não tinham mesmo opinião sobre nada.

(sou péssima para dar impressões sobre livros. ou gosto ou não gosto :D basicamente é isso)

e flores, estou como tu... a letra miudinha dá-me cabo do juízo. ainda por cima estou na fase da descrição da cidade de ... ui, esqueci-me do nome (HAHAHAHA) e que é só letras e letras e quase nem parágrafos tem. custa um pouco.
(e com a alergia em força, tenho sempre comichão nos olhos e a sensação é que tenho os olhos cansados. ler assim ainda custa mais)

S.A. disse...

Eu quase não tenho q comentar...
Ainda só li umas 10 folhas (A4). Não ajuda muito o facto de não estar a ler um livro mesmo.
No inicio irritava-me um bocadinho aquela escrita brasileira, mas depois com uma dica da Cool, a coisa melhorou um bocadinho.
Para já a miséria daquele gente, incomoda-me mto... vamos ver!!

AnaBond disse...

qual é a dica, ana?
eu por acaso custa-me ler algumas palavras que não conheço em brasileiro.
não sei se todos os livros estão assim no seu estado puro (ou foram traduzidos para português), mas há palavras que me incomodam. só passados 3 ou 4 parágrafos é que consigo entender (e depois lá tenho de voltar a ler :D).

S.A. disse...

ahahha!!

ela disse qualquer coisa como: podes sempre imaginar um cenário tipo "Gabriela"!!

Mar disse...

Ao que sei os livros estão todos em "brasileiro", há edição recente (Dom Quixote, acho) de alguns com o "texto definitivo", fixado por uma das filhas do autor, sob sua orientação.

Não me faz diferença nenhuma, até acho piada.

Flores disse...

Eu tb gosto do tom. Abrasileiro a leitura.

(E o livro tem um glossário no fim. Já repararam? Ajuda a perceber algumas palavras)

Cristina disse...

Também vou a um terço do livro. E a gostar. Uma das faces de um Brasil imenso.
As personagens têm-me cativado: a Ester, o negro Damião, o António Vítor e a Raimunda. A descrição é dura, crua e sincera.
O facto de ser em "brasileiro" ainda me ajuda mais a entrar no espírito da história. lol
As letras pequeninas e a qualidade de impressão do exemplar que tenho é que agravam-me a miopia...

Cristina

Cool Mum disse...

:D é que eu vejo mesmo os cenários da Gabriela e oiço o sotaque nas personagens.
Estou a gostar, quase a acabar.
Apenas uma opinião muito pessoal, reforçada por alguns comentários até agora. As personagens não estão densificadas, porque não se chegam a densificar. É uma escrita um bocadinho 'plana', de 'tipos' facilmente identificáveis e, por isso mesmo previsíveis. Daí ser de fácil leitura, e de visualização muito 'televisiva'.
Voltar a estas leituras muitos anos depois está a criar-me a vontade de ir procurar um bocadinho mais sobre a história do Brasil, sobre este faroeste a falar português.

AnaBond disse...

ah, atenção.
não desgosto do tom abrasileirado do livro. aliás, estou a ler 'em brasileiro' mesmo ;)
só me complicam os termos que não conheço.

(glup... tenho de olhar mais vezes para os finais dos livros. não o tenho aqui comigo, mas ali no carro. vou já já ver se o meu tem o glossário)

Flores disse...

Cool,

mas a escrita dele é assim mm, ñ é? Daí ter dado tts novelas e séries: Tieta, Dona Flor,, os Capitães e tantos outros.

Eu ñ estava (estou) à espera de personagens densas...

Mar disse...

Ele usa muito personagens-tipo (e este livro, em particular, é dos anos 40, com o neo-realismo no auge), mas há livros com as personagens bastante mais densificadas do que neste.

A Tieta, a Tereza Baptista e o Vasco de Aragão do Capitão de Longo Curso têm bastante mais substância do que quem quer que seja nestas Terras do Sem Fim.

Ainda assim, eu estou a gostar. Um escritor comunista a falar sobre a exploração no Brasil dos anos 40 não poderia fazer nada muito diferente. E o homem escreve que é uma beleza (aquele capítulo sobre o desbravar da selva e o medo - o medo no coração dos homens - é impressionante).

Susie disse...

Eu estou a gostar muito. E muito surpreendida por as expectativas eram baixas, confesso. Falta-me um terço do livro.
Até agora destaco uma passagem em que o negro Damião descobre o mal e o pecado. Ele era como um tábua rasa, puro e inocente, e o momento em que essa inocência cai por terra e ele se apercebe de que é na verdade um assassino está simplesmente genial.

Cool Mum disse...

É assim, claro, e no contexto não poderia ser muito diferente. O que eu acho curioso, e estou a falar por mim, é a leitura completamente diferente que faço agora e que fiz há 25 anos.
Só por isso já valeu. E pela história, que quero acabar de ler antes de ir de viagem na próxima semana :)

Caracoleta disse...

E eu cada vez com mais vontade de ler o livro :SSS
Tenho mesmo que ir à biblioteca ver se tem. Duvido! A biblioteca daqui é recente :P

CGM disse...

Apenas a querer começar hoje, mas estão a deixar-me de água na boca.

Beijinho

. disse...

Eu um dia leio-o, mas agora, durante largos meses, não vou ter tempo devido a novos projectos. Mas leio-vos com muita atenção. Luz

Mãe da Rita disse...

Não estava com muita vontade mas atrevi-me. A biblioteca da minha escola tem a edição dos Livros do Brasil. Custei a pegar-lhe mas li 50 páginas de uma assentada; depois deixei os outros dois a jantar, fiz uma sandes e li mais 50... A escrita é poética, envolvente, mesmo no meio da miséria daquela gente que parece que anda países naquele país imenso para ter do que viver... e depois perde tudo para um qualquer coronel... O negro Damião e a parte em que descobre o mal foi lida de respiração suspensa (mesmo!)e depois, como não vem logo o desfecho da cena... O português do Brasil do J. A. não me incomoda, nunca o fez (já o Paulo Coelho faz-me comichões, uf). As personagens mantêm a pouca densidade? Talvez a ideia seja colocá-las todas ao mesmo nível, mostrar que a miséria tem diferentes maneiras de se mostrar. Fez-me lembrar Graciliano Ramos e «Vidas Secas» (aconselho: vidas secas num país estéril que nada tem a ver com o Brasil ds novelas).Bem, a ver se amanhã leio alguma coisa... Desculpem o testamento... Bjs, MJ

ddm disse...

Estou a meio e apesar das expectativas serem boas, não deixei de ficar surpreendida com a facilidade da leitura.

Impressiona-me a violência, a miséria, mas também a coragem e a determinação daqueles homens, mesmo sendo apenas por dinheiro.

Da escrita em "brasileiro" acho piada, tem-me ajudado a entrar no clima da história. :)

CGM disse...

Embalada na leitura quero saber o resto da história, com a televisão da sala estragada ontem, e a máquina de costura (nova) avariada hoje há-de ser fácil. Mas por favor que não se me estraguem os miudos que isso não me ajuda nada a leitura...

Repolha disse...

Não imagino a Gabriela - mas faz-me lembrar precisamente uma novela (renascer) e até andei a ver se tinha sido construída a partir da obra de amado. Mas não encontrei nada que o referisse...

Mãe da rita, a experiência do Damião também me deixou extasiada - principalmente pela inocência do personagem :)

A letra pequenina não ajuda mesmo, mas o livro já conquistou velocidade cruzeiro (as primeiras páginas são sempre demasiado estranhas - é quase como entrar em casa de alguém que não se conhece; não se está à vontade... - e demoro sempre mais do que o devido...).

Agora vou continuar...

Márcia Carvalho disse...

Que engraçado, a mim não me faz confusão nenhuma o português! Aliás foi uma das minhas primeiras observações quando comecei o livro. Estou a gostar embora a leitura esteja a ser lenta. Voltei a ter um livro dentro da mal e no qual entro sempre que há uma aberta ou um momento de espera! Uma escrita limpa e verdadeira. O preto Damião entre o bem e o mal e Ester são, sem dúvida, até aqui, os momentos mais marcantes.