quarta-feira, 30 de abril de 2008

Terras do Sem Fim - Concílio Final

Está aberta a discussão. Contem lá o que é que acharam.

(gostaram, não, acharam muito panfletário (o livro foi acusado disso), quais as personagens preferidas, o que é que vos impressionou, acharam diferente dos outros livros que leram dele, ficaram com vontade de conhecer mais do autor e da Bahía?)

(para quem ainda não teve tempo de ler todo, não faz mal, a conversa fica aberta até nos apetecer, podem contar o que acharam em qualquer altura)

11 comentários:

Flores disse...

Ora, pois, então, cheira-me q isto hj está pouco concorrido.

Gostei muito.

Aquela história das personagens não terem muita profundidade mantém-se até ao final, o q faz com q em determinadas alturas (no início) me baralhasse um bocadinho com as personagens.

Gostei da Don'Ana, da Ester e do Virgílio (o boémio convertido) O final da história não deixa de ser interessante. Quem sobrou para contar a história?

A minha veia romântica acha q o amor acabou por vencer. Eles vão encontrar-se. Naquela terra de sangue, não havia outra possibilidade de desfecho para aquela história de amor.

A terra do cacau é desenhada segundo aquilo q me lembrava das novelas de época: Escrava Isaura e afim, ainda q a época seja posterior.

Gostei mto do português, q me soa sp cantado. «Enrico e volto num ano.», é lindo.

Dps, repito gostei daqueles apontamentos q já tínhamos abordado: o Damião q lhe falha a mão, qdo lhe pesa a consciência, o neg'o q passou a perna no coronel, o cusco Dr. Jessé q afinal é recompensado.

Enfim, um must...

Flores disse...

Ah, uma outra coisa: a pouca profundidade é aplicável à pp acção. Nem sp as situações são aprofundadas. Em certas situações saiu-me um: ah, mas este já morreu?

Cristina disse...

Lê-se bem.

A luta sangrenta pelo cacau, a ausência de importância da vida humana, a primazia do valor coragem, a lei aplicada a gosto e por quem der mais, as duas facções a degladiarem-se constantemente, absorvendo terras e gente, os migrantes que chegam e se perdem de amores pela região, a visão de uma mata repleta de perigos e doenças, o medo muito presente em todos os capítulos, resume uma obra repleta de violência, paixões eternas e muita, muita dinâmica e acção.

O livro faz-se de momentos, em que algumas personagens ganham protagonismo por breves instantes e depois nunca mais ou pouco aparecem. É o caso do debate intenso na consciência do negro Damião quando decidiu falhar o tiro, o que desencadeou toda a guerra pela mata do Sequeiro Grande entre as duas famílias. É o caso da história de Raimunda, a irmã de leite da dona da fazenda. É o caso das três irmãs que acabaram na prostituição e o seu percurso diverso com o mesmo desfecho.

O livro faz-se de mini-histórias de amor, como a de Ester e Virgílio, a de D'Anna e João Magalhães, a de Raimunda e António Pedro com finais comuns, mesmo com a morte no intermédio.

Uma escrita crua, dura e sincera. Gostei.

Qual o próximo? lol

Cristina

Mãe da Rita disse...

Gostei da escrita, que é sensível e poética, muitas vezes em contraste com os acontecimentos violentos. Acho que a própria terra e o cobiçado cacau são os protagonistas, tudo gira à volta deles. Estou com a Flores quando diz «este já morreu?», a mim era mais «e este quem é?» e «que será feito daquele?». O António Victor, p ex, é lançado com alguma importância e depois...

Mãe da Rita disse...

Fui interrompida... Enfim, apesar de não ser o «meu» tipo d livro, gostei, lê-se bem, foi positivo ler qualquer coisa diferente. Lembrei-me muito da Gabriela em novela e em texto e fui buscar imagens antigas desses actores, o sotaque, o clima. Fiquei com vontade de reler e de rever alguma telenovela. Como momento mais marcante, escolho o debate da descoberta de consciência de Damião, como personagem, a D. Ana, forte mas, no entanto, ingénua (tb gostei dos assomos de poesia do Sinhô, afinal um dos mais violentos). A luta sem deixar entrever quem ganha (e isso é importante?) e a vitória dada à personagem mais terra a terra e menos poética, diz que, de facto, não há ali heróis. A coragem é medida pelos actos violentos. Não gostei do Virgílio, tive pena da ESter, fiquei com vontade de conhecer melhor o Juca, tão valente, tão canalha, morto covardemente. E o menino? O futuro autor?

Loira disse...

Quando li, fiquei com muita vontade de conhecer (ainda mais) a Bahia. O que foi bom, porque acabei de o ler em vésperas de partir (novamente) para aquela zona. (For the record... não gostei da cidade de Salvador: sobrelotada, suja e com uma favela de uma extensão assustadora.)
Fiquei tb com vontade de ler ainda mais Jorge Amado.
Em termos de análise literária, concordo bastante com o comentário da Flores. Os personagens que aparecem e desaparecem, com as suas pequenas histórias (mas q têm por vezes grande destaque), ajudam a compreender melhor a história da época e dão ritmo ao livro... e parece-me uma característica da escrita de Jorge Amado.

Cool Mum disse...

É um fresco (digo eu...)
Belas pinceladas que~nos dão uma sucessão de imagens fortes. A história anda por lá...
Gostei de tudo e 'colei' a algumas personagens as imagens da Gabriela - o que ajudou a não me perder.
O visgo do cacau, que prende irremediavelmente homens e mulheres, é a personagem central.
Se calhar por isso gostei mais do António Vítor, que foi cheio de ideias de enriquecer e voltar para a sua Ivone, e acabou por ficar e casar com Raimunda.

Mar disse...

Também gostei muito. Eu já disse que adoro o Jorge Amado?

Impressionou-me a violência. A tragédia daquelas vidas, de ricos e pobres.

Gostei muito do Dr. Jessé. Achei-o muito humano. O homem gostava era de teatro e música, e só queria viver em paz e sossego.

Confesso que a Ester me irritou um pouco, então no meio de tanta coisa a acontecer a mulher só pensa em festas e vestidos (e no Virgílio, pronto)? Ainda assim, tive pena daquela coisa das cobras que ela via em todo o lado (eu odeio cobras).Mil vezes Don'Ana.

Enfim, é Jorge Amado (da primeira fase), muito típico. Mas não me pareceu demasiado panfletário. E fiquei a desejar ainda mais ir à Bahía.

Susie disse...

Foi a minha estreia em Jorge Amado e gostei imenso. É o meu tipo de escrita preferida: realista e crua, com um não sei quê de mágico. Fiquei com imensa vontade de ler mais livros dele.

Ana disse...

Ainda vou a meio :S

E estou a gostar tanto da parte do Damião.
Só mais um bocadinho que já vos apanho.

Gosto de leitura com sotaque brasileiro :)

AnaBond disse...

Já li há uns bons dias mas não tenho tido tempo para cá vir.

Estou como a flores. O facto das personagens não terem sido muito aprofundadas e haver uma ou outra que aparecia de repente, baralhou-me um pouco das ideias (já sou pouco, já). Assim como as acções. Não desgosto das acções assim, mas não sou fã das personagens assim pois perco-me e não gosto (quantas vezes não fui eu olhar para trás).

Gostei da Ester, do Virgílio, da Raimunda e do António Vítor e a maneira de se gostarem sem nunca admitirem. Gostei da inocência do Damião... e no fundo, se soubesse escrever criticas, teria escrito o mesmo que a cristina... ahahah

Não é, no entanto, a minha escrita favorita, apesar de não achar muito panfletário. Achei o 'normal' para a época e história... mas no final... gostei.